Em 2023, o Brasil aprovou e, em 2024 passa a celebrar,
oficialmente, o 20
de novembro como feriado nacional. A data, que antes era comemorada
como feriado em alguns estados e municípios, foi instituída nacionalmente por
meio de um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no
último ano.
A mudança cria o Dia Nacional de Zumbi e da
Consciência Negra, já reconhecida pela Lei nº 12.519/2011, que
estabeleceu o feriado em memória do líder Zumbi dos Palmares e para a
valorização da cultura negra.
O que representa o Dia da Consciência Negra?
O 20 de novembro marca a morte de Zumbi dos Palmares, o último líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores e mais emblemáticos quilombos da história do Brasil. Ele foi capturado e morto pelas tropas coloniais portuguesas em 1695, após resistir bravamente à escravidão e à opressão imposta aos negros durante o período colonial.
Zumbi foi degolado, e sua cabeça foi exposta na Praça do
Carmo, em Recife, como um símbolo de intimidação e repressão. A data passou a
ser celebrada, a partir dos anos 1960, como uma forma de reconhecer e honrar a
luta dos negros e negras pela liberdade e direitos civis, além de destacar a
resistência negra e o legado cultural da população afro-brasileira.
Antes da mudança, o Dia da Consciência Negra era feriado
apenas em alguns estados (como Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de
Janeiro) e em 1.260 cidades do Brasil, incluindo a cidade de São Paulo.
Com a nova regulamentação, a data passa a ser feriado em
todo o território nacional, impactando diretamente 5.568 municípios, o que
torna o 20 de novembro um feriado importante para a reflexão sobre a
contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira.
Quem foi Zumbi dos Palmares?
Zumbi dos Palmares nasceu em 1655, no atual estado de
Alagoas, com o nome de Francisco, mas a história conta que ele adotou o nome de
Zumbi mais tarde, possivelmente como um título dentro do Quilombo dos Palmares.
Desde jovem, Zumbi esteve envolvido na luta contra a escravidão, ingressando no
Quilombo dos Palmares quando tinha apenas 15 anos.
O Quilombo dos Palmares foi uma comunidade
autossustentável formada por negros fugitivos da escravidão, que resistiram
durante décadas ao domínio dos colonizadores portugueses. Palmares era composto
por vários mocambos (pequenos povoados), com o maior deles, o Mocambo do
Macaco, chegando a ter uma população estimada em 20 mil pessoas, superando
muitas cidades da época.
Além da agricultura, Palmares tinha atividades como
olarias, oficinas de metalurgia, pecuária e artesanato, o que demonstra a
diversidade e prosperidade do quilombo. Essa autossuficiência foi vista como uma
ameaça pelos escravocratas, que temiam que Palmares se tornasse um centro de
resistência capaz de desafiar o sistema colonial.
Em 1678, o líder do quilombo, Ganga Zumba, tentou negociar com as autoridades coloniais, propondo que os nascidos no quilombo fossem considerados livres, mas que os fugitivos retornassem à escravidão. O tratado foi rejeitado pelos moradores de Palmares, que não aceitaram as condições impostas. A insatisfação com o acordo levou Zumbi a depor seu tio, Ganga Zumba, que foi assassinado, provavelmente por envenenamento.
Zumbi então assumiu a liderança do quilombo, lutando
incansavelmente contra as forças coloniais por mais de 15 anos. Sua liderança e
a resistência de Palmares se tornaram um símbolo de libertação e oposição à
escravidão.
A queda de Palmares e a morte de Zumbi
Em 1694, o Mocambo do Macaco, principal reduto de
Palmares, foi atacado por uma expedição liderada pelo bandeirante Domingos
Jorge Velho, com o apoio de forças coloniais. Zumbi foi ferido no combate, mas
conseguiu fugir. No entanto, no ano seguinte, 1695, ele foi capturado, degolado
e sua cabeça exposta como um exemplo para aqueles que resistiam ao sistema
colonial.
Apesar de sua morte, Zumbi se tornou um símbolo de
resistência à opressão e à escravidão no Brasil. Seu legado perdura até hoje,
especialmente com a criação do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra,
que busca ressaltar a importância da luta contra o racismo e a valorização da
cultura afro-brasileira.