COLUNA EDUCAÇÃO FINANCEIRA COM RAFAELLA FERREIRA!! #18

12/04/2025

DINHEIRO NASCE EM ÁRVORE?


A expressão “dinheiro não nasce em árvore” é antiga, mas continua bastante atual. Em momentos de crise, muita gente se pergunta por que o governo não resolve os problemas econômicos apenas imprimindo mais dinheiro. A resposta envolve um conceito básico da economia: quando se coloca mais dinheiro em circulação sem um aumento correspondente na produção de bens e serviços, os preços sobem — e isso se chama inflação. 

O que acontece quando se imprime dinheiro demais?


Quando há mais dinheiro disponível, mas a quantidade de produtos e serviços continua a mesma, as pessoas passam a disputar esses mesmos bens com mais recursos. Como consequência, os preços aumentam. É a famosa lei da oferta e da demanda: mais gente querendo comprar, mas com a mesma quantidade de coisas à venda, os valores sobem. 

Vamos usar um exemplo simples para contextualizar. Imagine uma feira onde há apenas 10 pães à venda. Se 10 pessoas têm R$ 1, cada pão custa R$ 1. Agora, se essas mesmas pessoas passam a ter R$ 10 cada, mas a quantidade de pães continua a mesma, é provável que o preço de cada um suba — afinal, todos têm mais dinheiro e querem comprar o mesmo produto. 

O caso da hiperinflação no Brasil


O Brasil já passou por isso. Nos anos 1980 e início dos 1990, o país viveu um período de hiperinflação. Os preços subiam tão rápido que o salário das pessoas perdia valor em poucos dias — às vezes, no mesmo dia. Quem podia, gastava o dinheiro assim que recebia. Era impossível planejar compras ou economizar. 

Foi só com a criação do Plano Real, em 1994, que a situação começou a mudar. Com uma nova moeda e o controle mais rigoroso da economia pelo Banco Central, o país conseguiu estabilizar os preços. Um dos principais instrumentos usados desde então é a taxa Selic. 

Como a Selic ajuda a controlar a inflação? 

A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Quando o Banco Central aumenta essa taxa, o crédito fica mais caro. Isso desestimula o consumo e os investimentos, fazendo a economia “esfriar” e os preços pararem de subir. Funciona como um freio para conter a inflação. Mas isso também tem um lado negativo. Os juros mais altos dificultam o acesso ao crédito, reduzem o consumo e podem desacelerar o crescimento da economia. Ou seja, é uma medida que ajuda a controlar os preços, mas pode trazer consequências, como aumento do desemprego ou queda na renda. 

Situação atual


Nos últimos tempos, o Brasil voltou a enfrentar aumento da inflação, causado por fatores como a alta nos combustíveis, desequilíbrios nas contas públicas e mudanças no cenário internacional. Como resposta, o Banco Central elevou a Selic, que está em torno de 14% ao ano. Isso ajuda a conter os preços, mas também torna os empréstimos mais caros e afeta principalmente quem mais precisa de crédito e consumo acessível. Além disso, o aumento da dívida pública, a instabilidade política e as incertezas econômicas aumentam a pressão sobre o governo, que precisa tomar decisões com equilíbrio e responsabilidade. 

Equilíbrio é mais importante do que imprimir dinheiro 

Imprimir dinheiro pode parecer uma saída fácil, mas, na prática, só piora os problemas. Não resolve questões como desemprego, desigualdade ou falta de crescimento — e pode até agravá-las. O valor do dinheiro está ligado à confiança na economia, à estabilidade dos preços e à capacidade de produção do país. 

Por isso, manter a inflação sob controle e garantir que a moeda tenha valor exige mais do que simplesmente rodar a impressora do Banco Central. É preciso responsabilidade fiscal, políticas públicas bem planejadas e foco no futuro. Afinal, dinheiro não nasce em árvore — mas pode render bons frutos quando há confiança e equilíbrio.

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Boa semana a todos!! Rafaella Ferreira!!

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