12/04/2025
DINHEIRO NASCE EM ÁRVORE?
A expressão “dinheiro não nasce em árvore” é antiga, mas continua bastante atual. Em
momentos de crise, muita gente se pergunta por que o governo não resolve os problemas
econômicos apenas imprimindo mais dinheiro. A resposta envolve um conceito básico da
economia: quando se coloca mais dinheiro em circulação sem um aumento correspondente na
produção de bens e serviços, os preços sobem — e isso se chama inflação.
O que acontece quando se imprime dinheiro demais?
Quando há mais dinheiro disponível, mas a quantidade de produtos e serviços continua a
mesma, as pessoas passam a disputar esses mesmos bens com mais recursos. Como
consequência, os preços aumentam. É a famosa lei da oferta e da demanda: mais gente
querendo comprar, mas com a mesma quantidade de coisas à venda, os valores sobem.
Vamos usar um exemplo simples para contextualizar. Imagine uma feira onde há apenas
10 pães à venda. Se 10 pessoas têm R$ 1, cada pão custa R$ 1. Agora, se essas mesmas
pessoas passam a ter R$ 10 cada, mas a quantidade de pães continua a mesma, é provável que
o preço de cada um suba — afinal, todos têm mais dinheiro e querem comprar o mesmo produto.
O caso da hiperinflação no Brasil
O Brasil já passou por isso. Nos anos 1980 e início dos 1990, o país viveu um período de
hiperinflação. Os preços subiam tão rápido que o salário das pessoas perdia valor em poucos
dias — às vezes, no mesmo dia. Quem podia, gastava o dinheiro assim que recebia. Era
impossível planejar compras ou economizar.
Foi só com a criação do Plano Real, em 1994, que a situação começou a mudar. Com
uma nova moeda e o controle mais rigoroso da economia pelo Banco Central, o país conseguiu
estabilizar os preços. Um dos principais instrumentos usados desde então é a taxa Selic.
Como a Selic ajuda a controlar a inflação?
A Selic é a taxa básica de juros do Brasil. Quando o Banco Central aumenta essa taxa, o
crédito fica mais caro. Isso desestimula o consumo e os investimentos, fazendo a economia
“esfriar” e os preços pararem de subir. Funciona como um freio para conter a inflação. Mas isso
também tem um lado negativo. Os juros mais altos dificultam o acesso ao crédito, reduzem o
consumo e podem desacelerar o crescimento da economia. Ou seja, é uma medida que ajuda a
controlar os preços, mas pode trazer consequências, como aumento do desemprego ou queda
na renda.
Situação atual
Nos últimos tempos, o Brasil voltou a enfrentar aumento da inflação, causado por fatores
como a alta nos combustíveis, desequilíbrios nas contas públicas e mudanças no cenário
internacional. Como resposta, o Banco Central elevou a Selic, que está em torno de 14% ao ano.
Isso ajuda a conter os preços, mas também torna os empréstimos mais caros e afeta
principalmente quem mais precisa de crédito e consumo acessível. Além disso, o aumento da
dívida pública, a instabilidade política e as incertezas econômicas aumentam a pressão sobre o
governo, que precisa tomar decisões com equilíbrio e responsabilidade.
Equilíbrio é mais importante do que imprimir dinheiro
Imprimir dinheiro pode parecer uma saída fácil, mas, na prática, só piora os problemas.
Não resolve questões como desemprego, desigualdade ou falta de crescimento — e pode até
agravá-las. O valor do dinheiro está ligado à confiança na economia, à estabilidade dos preços e
à capacidade de produção do país.
Por isso, manter a inflação sob controle e garantir que a moeda tenha valor exige mais do
que simplesmente rodar a impressora do Banco Central. É preciso responsabilidade fiscal,
políticas públicas bem planejadas e foco no futuro. Afinal, dinheiro não nasce em árvore — mas
pode render bons frutos quando há confiança e equilíbrio.
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