26/04/2025
VAMOS FALAR DO TIGRINHO?
“Ganhei R$ 500 em 10 minutos.” Essa frase, tão comum nos vídeos promovendo apostas
online, vem acompanhada de um sorriso fácil e promessas de uma vida de luxo. É sedutora. Mas
por trás da tela, o que existe é um sistema desenhado para um só lado vencer: a casa.
Não é sorte, é matemática
As apostas online têm crescido num ritmo alarmante no Brasil. Segundo uma reportagem
da Folha de S. Paulo, os brasileiros gastaram cerca de R$ 50 bilhões nesse setor apenas em
2024. Isso mesmo — bilhões. Para efeito de comparação, o número de brasileiros que investem
de forma regular, com planejamento e consciência, mal chega a 10 milhões. O que vemos, então,
é uma contradição: muita gente afirma não ter dinheiro para investir, mas, ao mesmo tempo,
gasta frequentemente com jogos de azar. Isso revela que o problema, na maioria das vezes, não
está na falta de recursos, mas na falta de prioridade.
O boom das apostas online
É comum ouvir por aí que as apostas são uma forma de “ganhar um extra”, especialmente
entre os mais jovens ou entre pessoas que enfrentam dificuldades financeiras. Mas a verdade é
que o tigrinho está longe de ser um atalho para o sucesso. O que ele oferece, na prática, é um
ciclo enganoso: tudo começa com a ilusão do ganho fácil, passa pela perda constante e, quase
sempre, termina em endividamento e frustração. E, no meio disso tudo, surgem problemas ainda
mais sérios — vício, ansiedade, perda de foco e desorganização financeira.
O mais preocupante é que essas plataformas não funcionam com a mesma transparência
de instituições financeiras sérias. Elas não oferecem nenhuma garantia, segurança ou orientação
em educação financeira. Muitas vezes, quem promove esses jogos nas redes sociais nem joga de
verdade: usam vídeos manipulados, mostram números irreais e promovem sorteios questionáveis
para atrair novos apostadores. Por trás dessa encenação, existe uma verdadeira indústria que
lucra com o desespero e a vulnerabilidade alheia.
Consequencias
A consequência direta disso é o afastamento das pessoas da educação financeira.
Quando alguém perde dinheiro repetidamente nessas plataformas, acaba criando a crença de
que “dinheiro não é pra mim” ou que “investir também não funciona”. Mas a verdade é que essas
pessoas, na maioria das vezes, nunca chegaram a investir de fato — apenas apostaram, e isso
são coisas completamente diferentes.
Saindo do ciclo
Então, o que fazer para sair desse ciclo? O primeiro passo é entender que finanças
pessoais não precisam ser complicadas. Com R$ 30 por mês, por exemplo, já é possível
começar a investir com segurança em opções como o Tesouro Direto, um investimento que tem
rendimento real e liquidez diária. A chave está em mudar o foco: em vez de buscar retorno
imediato, o ideal é pensar em objetivos concretos (quitar uma dívida, montar uma reserva de
emergência, comprar algo à vista. Isso sim traz liberdade) não uma adrenalina passageira.
Também é fundamental rever os próprios hábitos. Quantas vezes por semana você já “só
testou” o tigrinho com R$ 20? Pois é. Que tal começar a usar esse valor para uma aplicação de
verdade? Ou até para aprender mais sobre dinheiro: comprar um livro, fazer um curso online,
seguir perfis que falam de finanças? Trocar o estímulo da sorte pelo prazer de ver seu dinheiro
crescer, aos poucos, com consistência, pode até parecer menos empolgante no começo — mas
é muito mais poderoso a longo prazo.
Se você sente que está preso nesse ciclo, saiba: você não está sozinho. E, mais
importante ainda, você não precisa lidar com isso calado. Converse com alguém de confiança,
busque apoio, e esteja atento aos sinais de alerta. A aposta pode até parecer uma diversão
inocente no início, mas quando vira hábito, deixa de ser passatempo e se transforma numa
armadilha silenciosa.
O tigrinho não é investimento. É uma falsa oportunidade que, aos poucos, rouba não só
seu dinheiro, mas também o seu foco, a sua confiança e a sua energia para construir um futuro
melhor. Investir de verdade é uma escolha diferente: é plantar hoje para colher amanhã. Não se
trata de sorte, e sim de decisão. E tudo bem começar pequeno. O que realmente importa é
começar.
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