O papo hoje é bem direcionado. Desde que me entendo por gente sou Cristão Católico Apostólico Romano e enxergo verdades absolutas na minha religião e me sinto à vontade para refletir sobre ela, pois vivo e estudo a minha fé. Ao longo dos meus anos como católico praticante, venho observando que muitas ações estão perdendo seu sentido real e virando atos mecânicos e pré-determinados, não por culpa da Igreja de Cristo, mas pela influência da vida moderna e hipócrita que levamos. Um exemplo clássico é o jejum, lembrança oportuna já que estamos vivendo a Quaresma, período de quarenta dias que antecede a Páscoa.
Durante a Quaresma somos convidados a rever nossa vida cristã, a fazer uma avaliação sobre como andamos no seguimento de Cristo e no progresso das virtudes cristãs; no final da Quaresma, na noite da Páscoa, faremos a renovação das promessas do nosso Batismo, que são os compromissos de nossa vida cristã. Devemos, pois, preparar-nos para renovar nossa adesão a Cristo, como seus discípulos missionários e amigos. Então somos orientados a vivenciar o jejum, a esmola e a oração, para que possamos chegar ao final deste tempo renovados na fé verdadeiramente.
Nos meus primeiros passos aprendi que o jejum devia ser feito na Sexta-feira Santa (abstinência de carne vermelha) e na Quarta-Feira de Cinzas (de fato são as duas datas exigidas pela Igreja). Com o passar dos anos, fui orientado a jejuar durante toda a Semana Santa e agora em toda Quaresma (não como obrigação, mas como mortificação). Mas percebi que tudo isso passa a ser irrelevante se não mudarmos de fato o nosso comportamento, nos arrependermos de nossas mazelas e inconsistências da fé.
De que adianta eu não comer carne vermelha e me empanturrar com os venenos da língua e devorar a integridade física e emocional do próximo? Guardar o jejum durante quarenta dias e permanecer frio, arrogante, prepotente, preconceituoso, soberbo, egoísta entre outras pechas que praticamos no nosso dia a dia? Nossas atitudes devem ser voltadas para a apreciação de Deus e não para mostrar, aos que estão ao nosso redor, o quão grande é nossa fé e o nosso sacrifício carnal.
Não tenho dúvidas que o verdadeiro jejum é recolhimento
excelente para nos desapegarmos das coisas desse mundo e nos colocarmos
humildemente aos pés de Deus, mas precisamos reaprender a nos conectarmos
verdadeiramente com o criador.