PONTO DE VISTA: AO INFINITO E ALÉM

 

A história do leite condensado jogada ao vento esta semana foi o estopim para mais uma guerra entre os bolsonaristas e petistas e novamente me vi no meio do campo de tiro nas redes sociais. Não só eu, mas um monte de gente que consegue alcançar caminhos alternativos e não caiu de cabeça nessa polarização política que vive o país hoje. Deixar claro que não estou aqui criticando A ou B, mas apenas defendendo o direito que temos em não escolher um dos dois lados desta guerra ideológica.

A tensão política no país é tamanha e as informações nos noticiários ocorrem de forma tão rápida que é preciso concordar com a publicação de um jornal alemão: a política brasileira realmente está melhor do que House of Cards. Mas vou além, está mais para Game of Thrones. Como escreveu Michel Foucault, filósofo francês, “a política é a guerra continuada por outros meios”, invertendo a frase, “A guerra não é mais que a continuação da política por outros meios” , de Clausewitz. 

O mundo sangra com a pandemia e no Brasil não é diferente. Enquanto inúmeras famílias estão desesperadas vendo seu entes morrendo por falta de leito, oxigênio e dignidade, enquanto vemos denúncias de vacinas desviadas e até descartadas, grande parte do país discute ideologia política. Na última quinta-feira foram mais de 1300 pessoas que morreram em 24 horas devido a Covid-19. Tem noção? É o mesmo que 5 aviões lotados caindo e todos  os passageiros morrendo. É muita gente e nós muitas vezes vemos isso apenas como um número. Não podemos nos acostumar com a morte desta forma. 

A reflexão ficou de lado e agora somente adjetivos. Esvaziou-se o debate público e a gritaria assumiu o lugar. Ambos os lados políticos qualificam-se mutuamente com palavras desrespeitosas e pejorativas. Tentar um cenário além deles nos leva ao rótulo, dependendo daquele que nos imputa algo. Não estou dizendo que há razão em compras desnecessárias ou talvez superfaturadas, isso cabe ao TCU e ao MPF investigarem e se houver irregularidades, punir. 

Não acho que o cidadão tenha que ter político de estimação e sim procurar apoiar o que é certo e rechaçar o que é errado, sem antolhos. Pode saber, todos são humanos, então possuem qualidades e defeitos, desta forma acertam e também erram e não querer um não quer dizer que automaticamente quer o outro. O fato de eu não ser seguidor do atual presidente não me coloca como petista ou vice versa, afinal eles são os únicos que podem “salvar esse país”? Óbvio que não. 

Faltam dois anos para a eleição presidencial e parece que ela já é amanhã e só temos duas opções. No congresso já há mais de 60 pedidos de impeachment e não vejo motivos para isso. Estão banalizando algo muito sério e essa briga toda desvia o foco de tudo que realmente importa para o nosso país. Já não se luta mais por políticas públicas, mas por políticos. Como diz o humorista Chico da Tiana, ‘é de arrebentar o talo do quiabo”. Boa Semana 

Erivelton Mendes

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