EDITORIAL: AS MÃOS QUE GOVERNAM UM PAÍS

AS MÃOS QUE GOVERNAM UM PAÍS
(Por Erivelton Mendes)

Mudar só o presidente não vai adiantar, acredito. Chegamos a um ponto que precisamos de mais. O sistema é muito mais complexo. O presidencialismo que vivemos hoje no país, mais me parece um parlamentarismo disfarçado. O povo precisa entender melhor como funciona o sistema político e administrativo do Brasil, pois pecamos muito pela “ignorância”. Muitos se justificam com o fim das disciplinas de cidadania que outrora eram ensinadas nas escolas, mas hoje temos a internet, está tudo lá, ou melhor, aqui. Basta pesquisar, ler, estudar e se interessar.

Podemos mudar de presidente dezenas de vezes e continuarmos no mais do mesmo se não formos além. O parlamento brasileiro possui 513 deputados federais, 81 senadores e inúmeros deputados estaduais e vereadores. Ao todo são 64.024. Sim, sessenta e quatro mil e vinte quatro políticos eleitos no Brasil. O número estarrecedor é a soma de todos os cargos públicos eletivos do país (aqui consta os do executivo também). A surpreendente soma ainda não contabiliza os 'vices', que também são eleitos na chapa e tem direito a salário e assessores. Acrescentando o cargo na interminável lista, o número sobe ainda mais, atingindo impressionantes 69.620 políticos eleitos no Brasil. Dos milhares de cargos eletivos no país, aproximadamente 82% são de vereadores. É muita gente, vamos combinar, mesmo para um país tão grande quanto o nosso.

Não é segredo pra ninguém e está estampado em vários jornais por aí os acordos partidários para nomeação de ministros, secretários entre outros. O presidente, na maioria das vezes ou senão sempre, acaba ficando nas mãos de todo esse parlamento, que descaradamente vota as matérias do executivo em troca de “favores” políticos, ou alguém ainda acredita que o impeachment de Dilma foi uma grande demonstração de patriotismo dos deputados e senadores? Independentemente se ela merecia ou não, amor pela nação foi o único sentimento que eu acredito não ter passado nem perto do congresso na ocasião.

A soma de todos os políticos brasileiros é tão grande que conseguiria criar uma cidade mais populosa que 90% dos 5,5 mil municípios brasileiros. Para efeitos de comparação, esta fictícia localidade teria a população de cidades como Vinhedo, no interior de São Paulo, ou a badalada Balneário Camboriú, em Santa Catarina. É cacique demais e continuo com a mesma opinião; É preciso reduzir.

Independente de quem será o novo presidente em 2019, ele terá enormes dificuldades em governar se o povo continuar a manter toda a base do atual congresso nacional com deputados e senadores de carreira, os quais as roupas já andam sozinhas nos corredores do parlamento. Gente nova e sangue novo, é disso que o Brasil precisa. E se não der certo, renovamos de novo, até acertar, afinal, todo dia nasce gente. Está em nossas mãos.
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