'O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS, MAS O SILÊNCIO DOS BONS'

Esta coluna é publicada aos domingos
Sempre ouvi dizer que no Brasil o ano começa depois do carnaval, pois é costume 'empurrar com a barriga' o período que antecede a festa mais popular do país. De fato as coisas parecem não funcionar integralmente no início do ano por aqui, mas ainda não experimentei esse gostinho, pois já estou trabalhando desde 02 de janeiro. Mas como muitos estavam de férias, resolvi esperar um pouco para tocar neste assunto que falo hoje. Como está no título, "o que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons". A frase é de Martin Luther King.

Dia desses, encontrei uma postagem no Facebook de um amigo, dizendo da possibilidade de, talvez quem sabe, ser candidato a vereador. Ele é um jovem dinâmico, estudado, inteligente, cristão, faz trabalhos voluntários, boa praça, de caráter, pai exemplar enfim, reúne excelentes qualidades para representar uma parcela da população na câmara. Até aí tudo normal. O que me chamou a atenção de fato foram os comentários que vieram em seguida.

A massacrante maioria dos amigos deste rapaz fez de tudo, usou de todos os argumentos possíveis para convencê-lo a desistir da ideia, e acho que funcionou, pois não ouvi nem li mais nada sobre o assunto. Disseram que ele não devia entrar "nesta coisa suja", "você vai perder seus amigos", "isso não é para você".

Como assim a política não é para ele? O cara, até onde sabemos, tem tudo para ser um excelente legislador, e ele não serve? Tem coisa errada aí. Nós estamos o tempo todo cobrando mudanças, pedindo políticos mais sérios e comprometidos com o interesse da coletividade e quando aparece alguém do meio da sociedade, que pode fazer a diferença, eu dou pra trás. Já parou pra analisar que ao tirar da disputa as pessoas boas, nós estamos abrindo caminho para os maus políticos?

É notório que o desencanto com a política que toma conta de grande parte da população continua um desafio a ser vencido. Ele tem sua raiz, entre outras coisas, na prática inescrupulosa de muitos que exercem o poder político. “Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão”, já dizia Rubem Alves, psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro. Distinguir um do outro é a nossa tarefa. Daí a necessidade de cada um rever o que pensa sobre política.

O brasileiro está tão cético com seus líderes que não percebe que está tomando atitudes que contribuem, e muito, para que as coisas continuem do jeito que estão. Quando os bons se calam, os maus triunfam. Ao contrário do que fazemos, precisamos incentivar o bem intencionado a se candidatar, mostrar suas ideias, lutar por algo novo, fazer a diferença, e se não fizer, mudemos na próxima. Democracia é isso. Seu amigo poderá fazer sim um bom trabalho e você se encherá de orgulho em saber que ele só chegou lá porque seu incentivo, sua força e sua confiança o ajudaram a fazer a diferença. Pensemos nisso. Boa Semana e que Deus nos abençoe.

Erivelton Mendes é radialista desde 1995 e atualmente apresenta o Programa Canal Livre na Rádio Oásis FM em Italva. Saiba mais clicando aqui. Também está no Facebook e no Blogger.
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